© [m.m. botelho] | algures entre porto e lisboa | setembro de 2007
«As coisas pioram, o mundo muda. No meu sonho nada evolui. Eu estou sempre como agora. Tu não sais da minha frente. As pessoas não crescem. As árvores não morrem. Se a vida pudesse ser parada, eu parava-a aqui.
Tenho os meus amigos à minha volta. Durmo numa terra estrangeira. Todos os dias entro em Portugal. Passo a fronteira de pijama. E queria que fosse sempre assim, que não mudassem o lugar às casas e às estradas, que as pessoas passassem sempre à mesma velocidade, cumprimentando-se lentamente lembrando-se dos nomes, com respeito e com prazer.
Sou contra as viagens. As viagens existem, mas não se deviam forçar. Partir para quê? No meu sonho não descubro terras nem estranhos: descubro-me a mim e à minha casa. Partir é demasiado fácil.»
Miguel Esteves Cardoso | As Minhas Aventuras na República Portuguesa | Lisboa: Assírio & Alvim | 1990 | p. 3
Tenho os meus amigos à minha volta. Durmo numa terra estrangeira. Todos os dias entro em Portugal. Passo a fronteira de pijama. E queria que fosse sempre assim, que não mudassem o lugar às casas e às estradas, que as pessoas passassem sempre à mesma velocidade, cumprimentando-se lentamente lembrando-se dos nomes, com respeito e com prazer.
Sou contra as viagens. As viagens existem, mas não se deviam forçar. Partir para quê? No meu sonho não descubro terras nem estranhos: descubro-me a mim e à minha casa. Partir é demasiado fácil.»
Miguel Esteves Cardoso | As Minhas Aventuras na República Portuguesa | Lisboa: Assírio & Alvim | 1990 | p. 3