24.2.07

Um sábado assim

Um sábado assim, perdido entre a folhagem tímida da Primavera que ainda não chegou mas já enviou convite. Um sábado assim, achado entre o espaço que medeia o meu corpo e o teu.
Um sábado assim é de memória. Já não me lembrava de como um dia que nunca vivêmos pode, afinal, ser tudo aquilo que a vida inteira imaginámos estar a viver. Um sábado assim não é prenúncio de nada e, contudo, consumação de tudo. É certeza de que há lugares longe que moram dentro de nós. E que estiveram sempre aqui, mesmo debaixo do nariz, tão perto como a brevíssima distância entre as letras do teu nome quando mordido pelo meu beijo.

© [m.m. botelho]