Eis que caem as palavras. Deixá-las escorrer pelo decote, sorvê-las no meu próprio ventre, cuspi-las no sexo. A minha vulva húmida de palavras. Beijar muito o branco destas paredes, até ter os lábios gretados pela cal. Lamber o silêncio do chão, das solas dos teus sapatos, dos dedos dos teus pés. Enlouquecer, enroscada como animal no tapete. Gravar com as unhas o teu nome em toda a parte. Ir pela madrugada fora. Sentir o corpo pesado. Deixar palavras molestas vertendo por onde eu passar. E consumir-me, por aí, no trilho fundo que o meu gozo rasgar.
© [m.m. botelho]
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