20.9.06

Qualquer coisa de eterno

© [m.m. botelho]
© [m.m. botelho] | fotografia | gerês | 1 de janeiro de 2006
memórias de uma manhã de outrora na tua companhia


O amor de agora é o mesmo amor de outrora
Em que concentro o espírito abstraído,
Um sentimento que não tem sentido,
Uma parte de mim que se evapora.

Amor que me alimenta e me devora,
E este pressentimento indefinido
Que me causa a impressão de andar perdido
Em busca de outrem pela vida afora.

Assim percorro uma existência incerta
Como quem sonha, noutro mundo acorda,
E em sua treva um ser de luz desperta.

E sinto, como o céu visto do inferno,
Na vida que contenho mas transborda,
Qualquer coisa de agora mas de eterno.


Dante Milano [1899-1991] | Antologia dos Poetas Brasileiros: Fase Moderna, volume I | organização de Manuel Bandeira | Nova Fronteira | Rio de Janeiro | 1996

Perdoa-me por padecer terrivelmente de saudades tuas. Perdoa-me por sentir a tua falta. Perdoa-me a fragilidade de não saber viver sem ti. Perdoa-me por te querer tanto. Perdoa-me a ousadia de [sempre] te [nos] amar. Perdoa-me a fraqueza de to confessar.

© [m.m. botelho]