6.9.06

«Pois meu coração é vosso.»

© [m.m. botelho]
© [m.m. botelho] | fotografia | estátua | lisboa | agosto de 2006
antigo palácio dos condes de alvor [museu nacional de arte antiga]


Belle qui tiens ma vie
Captive dans tes yeulx,
Qui m'as l'ame ravie
D'un soubz-ris gracieux,
Viens tost me secourir
Ou me fauldra mourir.
Pourquoy fuis tu mignarde
Si je suis pres de toy,
Quand tes yeulx je regarde
Je me perds dedans moy
Car tes perfections
Changent mes actions.

Approche donc ma belle
Approche toy mon bien,
Ne me sois plus rebelle
Puis que mon coeur est tien,
Pour mon mal appaiser,
Donne moy un baiser.


Thoinot Arbeau, pseudónimo de Jehan Tabourot [1520-1595]

Bela, que tendes a minha vida / Cativa em vossos olhos / Que arrebatais a minha alma / Com a graciosidade do vosso sorriso / Vinde depressa socorrer-me / Ou morrerei de dor. / Porque fugis, mimosa, / Quando me abeiro de vós? / Quando contemplo vossos olhos, / Perco-me dentro de mim, / Pois as vossas perfeições / Transformam a minha vida.

Aproximai-vos, pois, formosa, / Aproximai-vos, meu bem. / Não me resistais mais, / Pois meu coração é vosso. / Para serenar meu sofrimento / Dai-me um beijo.


Tradução selvagem de [m.m. botelho], enquanto lá fora [e dentro de mim] as primeiras chuvas de setembro cobrem a [demasiado] silenciosa cidade, ao som de Diferencias sobre el tema "Belle qui tiens ma vie", de Antonio de Cabezón [1510-1566], interpretadas pelo agrupamento Hesperion XXI sob a direcção de Jordi Savall, do álbum Carlos V. Mille Regretz: La Canción Del Emperador [2003].