Felicien Rops [1833-1898] | Haisne et Amour de prestre sont de mesme Viol
c. 1878 | carvão, água a tinta-da-china e pastel
Galeria Derom | Bruxelas | Bélgica
c. 1878 | carvão, água a tinta-da-china e pastel
Galeria Derom | Bruxelas | Bélgica
Passei por ti ontem, na rua.
Seriam umas
seis da tarde.
Vestias preto
da cabeça aos pés.
Não reparei nos sapatos.
Seriam vermelhos?
Trazias pela mão o teu filho,
o filho que eu te fiz.
Dizem que tem os meus olhos,
o teu nariz.
Recordo com lucidez
a noite em que engravidámos.
E tu, ainda te lembras?
Disse-me, há tempos, o teu patrão
que lhe puseste o meu nome.
Porque é que o tratas só por «filho»?
O teu filho, o teu filho
esse filho que eu te fiz.
Engravidei-te, engravidámos
numa noite morna de Maio.
Cobri-te o rosto com ambas as mãos
e tatuei-te as entranhas
com sémen,
o meu sémen que era teu.
Engravidei-te, engravidámos
numa noite morna de Maio.
Passava das seis da tarde.
Vestias o mundo
inteiro
da cabeça aos pés.
© [m.m. botelho]
Seriam umas
seis da tarde.
Vestias preto
da cabeça aos pés.
Não reparei nos sapatos.
Seriam vermelhos?
Trazias pela mão o teu filho,
o filho que eu te fiz.
Dizem que tem os meus olhos,
o teu nariz.
Recordo com lucidez
a noite em que engravidámos.
E tu, ainda te lembras?
Disse-me, há tempos, o teu patrão
que lhe puseste o meu nome.
Porque é que o tratas só por «filho»?
O teu filho, o teu filho
esse filho que eu te fiz.
Engravidei-te, engravidámos
numa noite morna de Maio.
Cobri-te o rosto com ambas as mãos
e tatuei-te as entranhas
com sémen,
o meu sémen que era teu.
Engravidei-te, engravidámos
numa noite morna de Maio.
Passava das seis da tarde.
Vestias o mundo
inteiro
da cabeça aos pés.
© [m.m. botelho]