18.7.06

As flores que colho para ti

© [m.m. botelho]
© [m.m. botelho] | mulher de negro | 2006
desenho a grafite e tinta da china windsor & newton preta sobre papel


Há algo de uma efemérida morte
nestas flores que colho para ti,
uma qualquer chuva que as humedece,
num silêncio quieto de cemitério
lacerado de um sorriso sagrado.

As flores que colho para ti,
em todos os cantos de desejo,
surdem da aragem
do murchar de arrependimento
e do brado do ocaso
da tua efígie.

Sou mendiga da consolação
da brancura esclerótica do teu olhar
dividido na forma romântica de um soneto
sumido.

© [m.m. botelho], ao som de Dos Gardenias, de Isolina Carrillo, interpretada pelos Buena Vista Social Club [Compay Segundo,Ry Cooder, Ibrahim Ferrer, Ruben Gonzalez e Eliades Ochoa], do álbum Buena Vista Social Club [1997].

Dos gardenias para ti / Con ellas quiero decir / Te quiero, te adoro, mi vida / Ponles toda tu atención / Porque son tu corazón y el mío.
Dos gardenias para ti / Que tendrán todo el calor de un beso / De esos besos que te di / Y que jamás encontrarás / En el calor de otro querer.
A tu lado vivirán y se hablarán / Como cuando estás conmigo / Y hasta creerás que te dirán / Te quiero.
Pero si un atardecer / Las gardenias de mi amor se mueren / Es porque han adivinado / Que tu amor me ha traicionado / Porque existe otro querer.