25.7.07

Mas desamar-te não chega.

Eu queria tudo. Tu deste-me o bastante para uma vida. Ainda assim não chegou. Não sei se foi o meu se o teu egoísmo, esta estranha relutância de ofertar, esta distância entre o dar e o receber que nos apartou. É que eu queria tudo, tudo, e tu só me deste o bastante para uma vida.

Não sei o que faça agora destes restos do que me deste que ficaram espalhados dentro de mim. Eu queria tudo, tudo. Até que me ensinasses essa fórmula que tão bem conheces de desamar. Mas desamar-te não chega. A vida não chega para me bastar de ti.

© [m.m. botelho], ao som de Todo o Amor do Mundo Não Foi Suficiente, poema de José Luís Peixoto interpretado pel'A Naifa, do álbum 3 Minutos Antes de a Maré Encher [2006], aqui numa versão ao vivo (apenas a partir de 1:11).



todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor/ não / serve / de nada. ficaram / só / os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros / da / morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não / foram / suficientes e foram / demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são / como / lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar / em / cada instante, cada hora, / não irei negar isso. não irei negar nunca que te amei. nem / mesmo / quando estiver / deitado, / nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a / amo / antes de a / foder.